quarta-feira, 18 de junho de 2008

ESTUDO SOBRE A DESCOBERTA DA ARCA DOS JUDEUS

A interpretação dos períodos da profecia de Daniel 12 era conhecida desde o século 8d.C., e veio a ser adotada a dois séculos atrás pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Entretanto, vejamos o que nos mostram os versos 4, 8 e 9 de Daniel 12:

Verso 4:

“Tú porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro até o tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará..”

Versos 8 e 9:

“Eu ouvi, porém não entendi; então, eu disse: meu senhor, qual será o fim destas coisas?

Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até o tempo do fim.”

Os textos bíblicos nos mostram, sem nenhuma sombra de dúvida que as profecias seriam entendidas somente no “tempo do fim”, pois o entendimento estaria selado pelo próprio Deus, segundo sua santa palavra!

E quando se inicia o “tempo do fim”?

Trazemos a seguir um texto do Estudo “Revelações do Apocalipse”, amplamente divulgado em nossas fileiras, que coloca a posição de nossa igreja quanto ao início do tempo do fim:

O sexto selo culmina com a segunda vinda de Cristo. Por isso podemos adequadamente chamá-lo o tempo do fim.

6. Quais são os quatro acontecimentos que dão abertura ao sexto selo (tempo do fim)? Apocalipse 6:12, 13 (NT296).

Resp.

a. terremoto

b. lua se torna como sangue

c. sol torna-se negro

d. estrelas caem do céu

Nota: O grande terremoto tem sido identificado por muitos teólogos como o grande terremoto de Lisboa, de 1º de novembro de 1755. O escurecimento do Sol ocorreu em 19 de maio de 1780. E a Lua se tornou como sangue na noite do mesmo dia A chuva de estrelas foi em 13 de novembro de 1833. Esses quatro episódios deram origem ao tempo do fim, o qual terminará com a segunda vinda de Cristo.

(Estudo Revelações do Apocalipse - Manual do Professor – Pág. 55)


Verificamos então, claramente, pela Bíblia, que o “tempo do fim” de que fala o profeta Daniel não se inicia no século 8d.C, quando, de acordo com o artigo do Dr. Timm, já se interpretava os períodos proféticos de Daniel 12.

Se o último dos episódios que deu origem ao “tempo do fim” aconteceu em 1833d.C., as profecias de Daniel 12, segundo a Bíblia, não poderiam ser compreendidas até este ano, pois estavam seladas (fechadas à compreensão) pelo próprio Deus!

Se cremos, portanto, que é verdadeira uma interpretação de Daniel 12 obtida em uma época na qual o próprio Deus declara que a profecia ainda estaria selada (fechada à compreensão), estamos desmentindo a Bíblia, e a trocando por preceitos de homens - tradição!

Creio que só este argumento já é suficiente para colocarmos por terra a atual interpretação histórica, uma vez que não subsiste à prova da Bíblia.

Todavia, daremos prosseguimento à leitura e comentários sobre o artigo, afim de dar-lhe a devida atenção.


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Continuação do artigo:

Porém, em anos recentes, alguns pregadores independentes começaram a propagar o que consideram nova luz sobre os 1290 e 1335 dias de Daniel 12. Rompendo com a tradicional compreensão adventista, tais indivíduos alegam que ambos os períodos são compostos por dias literais, e não dias que representam anos, a se cumprirem ainda no futuro. Alguns deles sugerem que ambos os períodos iniciarão com o futuro decreto dominical; que os 1290 dias literais são o período reservado para o povo de Deus sair das cidades; e que ao término dos 1335 dias literais a voz de Deus será ouvida anunciando “o dia e a hora da volta de Cristo”. (5)


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Nossos comentários:

Negritamos a expressão “tais indivíduos”, mencionada no texto acima. Esta expressão pejorativa denigre a imagem de pessoas que podem ser sinceros pesquisadores da verdade bíblica, mesmo que suas conclusões não estejam certas. Ellen G. White reprova claramente este tipo de atitude. Leiamos o que nos diz o testemunho inspirado:

“Alguns há que condescendem com a leviandade, o sarcasmo, e até mesmo a mofa para com os que deles divergem.

Devemos acautelar-nos para não condescendermos com o espírito que dominava os judeus.” (Testemunhos para Ministros, Pág. 108)

Infelizmente, esse tom pejorativo ao se fazer referência às conclusões contemporâneas obtidas por outros irmãos nossos é repetido diversas vezes durante o artigo como o irmão poderá notar ao ler sua continuação. Dando seqüência à análise, vemos que o artigo traz nesse parágrafo um resumo dos principais pontos sustentados pelas interpretações contemporâneas de uma forma geral. Entretanto, não faz parte do escopo deste apêndice apresentar em detalhes as conclusões obtidas pelas interpretações contemporâneas.


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Continuação do artigo:

Por mais interessante que essa teoria possa parecer, existem razões básicas que nos impedem de aceitá-la.

1. A teoria se baseia numa leitura parcial e tendenciosa dos escritos de Ellen G. White

Um dos argumentos para justificar o cumprimento futuro dos 1290 e 1335 dias é a falsa alegação de que Ellen White considerava como errônea a noção de que os 1335 dias já haviam se cumprido no passado. Alusões são feitas à carta que ela enviou “à igreja na casa do irmão Hestings”, datada de 7 de novembro de 1850, na qual são mencionados alguns problemas relacionados com o irmão O. Hewit, de Dead River. No texto original em inglês dessa carta aparece a seguinte declaração:

“We told him of some of his errors in the past, that the 1335 days were ended and numerous errors of his.”(6)

Essa declaração deveria ser traduzida simplesmente como: “Nós lhe mencionamos alguns dos seus erros do passado, que os 1335 dias haviam se cumprido e muitos dos seus erros.” No entanto, alguns defensores da nova teoria profética preferem substituir a conjunção “que” (inglês that) pela expressão “tais como” (inglês such as), alterando dessa forma o sentido do texto. Assim, eles conseguem fazer com que a sentença diga que entre os erros advogados por Hewit estava também a idéia de “que os 1335 dias haviam se cumprido”.


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Nossos comentários:

O artigo apresenta um erro que realmente é cometido, de uma forma geral , por algumas interpretações contemporâneas ao substituir a conjunção “que” (inglês that) pela expressão “tais como” (inglês such as), alterando dessa forma o sentido do texto. Entretanto, o autor do artigo também leva a tradução do inglês para o português de forma a melhor contribuir para o seu raciocínio. Vamos fazer um esforço para traduzir a frase proveniente do inglês dentro da maior fidelidade possível:

Texto em inglês:

“We told him of some of his errors in the past, that the 1335 days were ended and numerous errors of his.”

Tradução “ípsis literis” fragmentada:

We = Nós

told him = “contamos a ele”, ou “lhe mencionamos”

of some of his errors = de alguns de seus erros, ou “alguns de seus erros”

in the past = no passado,

that the 1335 days = que os 1335 dias

were ended = “estavam terminados”, ou “estavam findos”, ou ainda “estavam concluídos” ou “estavam cumpridos”

and numerous errors of his = “e numerosos de seus erros” ou “e muitos de seus erros”

A tradução mais fiel, portanto, seria:

“Nós lhe mencionamos alguns de seus erros no passado, que os 1335 dias estavam terminados e muitos de seus erros.”

Verificamos que entre a palavra “passado” e a expressão “que os 1335 dias estavam terminados” estão separadas por vírgula, tanto no texto em inglês quanto no texto em português. Isto inclui a expressão “que os 1335 dias estavam terminados” juntamente com a expressão “e muitos de seus erros”. Analisando portanto a frase em sua seqüência lógica, não temos dificuldade em concluir que a expressão “que os 1335 dias estavam terminados” faz parte, ou “está contida” nos “erros” cometidos pelo irmão Hewit, mencionados no final da frase.

Assim sendo, teríamos a condição de utilizar este texto afim de sustentar que os 1335 dias não haviam sido cumpridos, ao menos até o ano de 1850, ano em que foi escrita esta carta. Ainda apoiando esta conclusão, apresentamos abaixo um texto extraído dos escritos de Ellen G. White, que indica claramente que ela não possuía a compreensão deste assunto:

“Assim como a mensagem do primeiro advento de Cristo anunciava o reino de sua graça, a mensagem de seu segundo advento anuncia o reino de sua glória. A Segunda mensagem, como a primeira, está baseada nas profecias. As palavras do anjo a Daniel acerca dos últimos dias, serão compreendidas no tempo do fim.” (Ellen White, pág. 202, Cap. 23, folha 21)

Ellen White aponta a compreensão de Daniel 12 para frente do tempo em que escreveu esta mensagem. Portanto, é evidente que ela não tinha a teoria historicista (que aponta que os 1335 dias se cumpriram em 1844), que já existia nos seus dias, como verdadeira.


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Continuação do artigo:

Se a intenção de Ellen White era realmente corrigir o irmão Hewit por crer que os 1335 dias já haviam se cumprido, permaneceriam as seguintes indagações: Porque Elen White se limitou a corrigir, em 1850, de forma parcial e tendenciosa, a posição desse irmão, sem qualquer repreensão aos demais líderes do movimento adventista que também criam que esse período profético já havia se cumprido em 1844? Porque ela não reprovou o seu próprio esposo, Tiago White, por afirmar ainda em 1857, que “os 1335 dias terminaram com os 2300, com o Clamor da Meia Noite em 1844”?(7) Porque ela não o repreendeu por continuar publicando na mesma Review vários artigos de outros autores, advogando a mesma idéia?(8)


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Nossos comentários:

Os questionamentos apresentados nesta parte do artigo não são conclusivos em si mesmos.

Não reforçam nem fundamentam a posição da linha historicista, uma vez que não estão baseados em um claro “Assim diz o Senhor” contido na Bíblia ou no testemunho inspirado.

O testemunho inspirado inclusive adverte contra tal sorte de questionamentos:

“Alguns julgam ser evidência de sua agudeza e superioridade intelectual, confundir as mentes quanto ao que é verdade. Recorrem à subtileza dos argumentos, a jogos de palavras; tiram vantagem injusta em fazer perguntas.

Devemos acautelar-nos para não condescender com o espírito que dominava os judeus.” (Testemunhos para Ministros, Pág. 108)


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Continuação do artigo:

E mais, como poderia Ellen White haver declarado, em 1891, que “nunca mais haverá para o povo de Deus uma mensagem baseada em tempo. Não devemos saber o tempo definido nem para o derramamento do Espírito Santo nem para a vinda de Cristo”?(9)


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Nossos comentários:

O texto de Ellen White apresentado neste artigo foi extraído do livro Mensagens Escolhidas, Volume 1 – Pág. 188. Transcrevemos o texto original abaixo, afim de o analisarmos mais profundamente:

“Progredíssemos nós em conhecimento espiritual, e veríamos a verdade se desenvolvendo e expandindo em sentidos com que mal temos sonhado, porém ela jamais se desenvolverá em quaisquer direções que nos levem a imaginar que podemos saber os tempos e as estações que o Pai estabeleceu por Seu próprio poder. Tenho sido repetidamente advertida com referência a marcar tempo. Nunca mais haverá para o povo de Deus uma mensagem baseada em tempo. Não devemos saber o tempo definido nem para o derramamento do Espírito Santo nem para a vinda de Cristo.”(Mensagens Escolhidas, Volume 1, Pág. 188)

Ao analisarmos o contexto no qual o texto apresentado pelo artigo está inserido, verificamos claramente que a “mensagem baseada em tempo” mencionada na penúltima frase do texto de Ellen G. White, refere-se ao tempo “para o derramamento do Espírito Santo” (chuva serôdia) e ao tempo “para a vinda de Cristo” (segunda vinda). Portanto esta declaração de Ellen G. White não se opõe às interpretações contemporâneas sobre os 1290 dias e os 1335 dias de Daniel, uma vez que elas não possuam a pretensão de estabelecer tempo para a queda da chuva serôdia ou para a Segunda vinda de Cristo.


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Continuação do artigo:

Evidências de que Ellen White cria que esses períodos já haviam se cumprido em seus dias podem ser encontradas também em suas declarações segundo as quais Daniel já estava sendo vindicado em sua sorte (ver Dan. 12:13) desde o início do tempo do fim. (10)


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Nossos comentários:

Repetimos apenas os argumentos apresentados em um de nossos comentários anteriores:

"Assim como a mensagem do primeiro advento de Cristo anunciava o reino de sua graça, a mensagem de seu segundo advento anuncia o reino de sua glória. A Segunda mensagem, como a primeira, está baseada nas profecias. As palavras do anjo a Daniel acerca dos últimos dias, serão compreendidas no tempo do fim.” (Ellen White, pág. 202, Cap. 23, folha 21)

Ellen White aponta a compreensão de Daniel 12 para frente do tempo em que escreveu esta mensagem. Portanto, é evidente que ela não tinha a teoria historicista (que aponta que os 1335 dias se cumpriram em 1844), que já existia nos seus dias, como verdadeira.


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Continuação do artigo:

Cremos, portanto, que o Dr. Gerard P. Damsteegt, professor do Seminário Teológico da Universidade Andrews, estava correto ao declarar que “já em 1850 E. G. White havia escrito que “os 1335 dias haviam se cumprido”, sem especificar o tempo de seu término”. (11)


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Nossos comentários:

Já foi demonstrado, no primeiro comentário deste apêndice, que o comentário acima fere o texto bíblico apresentado em Daniel 12:4,8 e 9. Somente esta afirmação já poderia justificar o fato de nos eximirmos dos comentários dos parágrafos que se seguem sober o texto acima.

É interessante também ressaltar que o artigo não traz o suposto texto onde Ellen White teria afirmado que os 1335 dias haviam se cumprido. Pelo pelo contrário, refere-se ao que foi declarado por um outro estudioso. É no mínimo curioso que um artigo que tenha a pretensão de ser tão criterioso na pesquisa a ponto de ser conclusivo sobre a questão não apresenta o texto que em nossa opinião destruiria claramente todas as teorias contemporâneas.

O autor do artigo se usa do mesmo artifício do qual acusa os estudiosos contemporâneos de usar. Usa um argumento que também pode ser considerado parcial e tendencioso.


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Continuação do artigo:

2. A teoria quebra o paralelismo profético-literário do livro de Daniel

Para justificar o suposto cumprimento futuro dos 1290 e 1335 dias, os advogados da “nova luz” profética alegam, sem qualquer constrangimento, que o conteúdo da Daniel 12:5-13, onde são mencionados esses períodos, não é parte da cadeia profética do livro de Daniel. Porém, uma análise mais detida da estrutura literária do livro não confirma essa teoria.

O Dr. William H. Shea esclarece que, no livro de Daniel, cada período profético (1260, 1290, 1335 e 2300 dias) aparece como um apêndice calibrador ao corpo básico da respectiva profecia que lhe corresponde. Por exemplo, a visão do capítulo sete é descrita nos versos 1-14, mas o tempo a ela relacionado só aparece no verso 25. No capítulo 8, o corpo da visão é relatado nos versos 1-12, mas o tempo só ocorre no verso 14. De modo semelhante, os tempos proféticos relacionados com a visão do capítulo 11 só são mencionados no capítulo 12.

Esse paralelismo comprova que os 1290 dias e os 1355 dias de Daniel 12:11 e 12 compartilham da mesma natureza profético-apocalíptica dos termos “tempo, tempos e metade de um tempo”, de Daniel 7:25, e as 2300 tardes e manhãs de Daniel 8:14. Assim, se aplicarmos o princípio dia-ano aos períodos proféticos de Daniel 7 e 8, também devemos aplicá-lo aos períodos de Daniel 12, pois todos esses períodos estão interligados, de alguma forma, e a descrição de cada visão indica apenas um único cumprimento para o período profético que lhe corresponde.

A tentativa de interpretar os períodos proféticos de Daniel como dias literais não tem apoio bíblico.


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Nossos comentários:

Em contraposição aos argumentos apresentados pelo Dr. William H. Shea para sustentar sua posição quanto ao paralelismo profético literário dos capítulos 7, 8 e 12 de Daniel, apresentamos dois trechos extraídos do Comentário Bíblico Adventista e do testemunho inspirado:

“Tendo tal marco histórico ante nós, nos achamos preparados para seguir o desenvolvimento progressivo e específico da interpretação da simbólica estátua de metal de Daniel 2, como das quatro bestas, dos dez cornos, do corno pequeno da quarta besta e dos três tempos e meio da profecia de Daniel 7; assim como também do carneiro, do bode e seus respectivos cornos, e do mais comprido período profético de Daniel, cap. 8; das setenta semanas que chegam até o Messias Príncipe, de Daniel 9, e a vez da profecia paralela e literal dos capítulos 11 e 12 do livro de Daniel.” (Comentário Bíblico Adventista, Vol. 4 – A História da Interpretação de Daniel)

“A linguagem da Bíblia deve ser explicada de acordo com o seu óbvio sentido, a menos que seja empregado um símbolo ou figura. Cristo fez a promessa. Se alguém quiser fazer a vontade dEle, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus.” (Grande Conflito, Pág. 597)

O próprio Comentário Bíblico Adventista coloca a profecia dos capítulos 11 e 12 do livro de Daniel como sendo literais. Se a profecia é literal, por conseguinte os períodos nela contidos de 1290 e 1335 dias também são literais.

O segundo texto por nós apresentado, extraído do livro O Grande Conflito, coloca claramente que “a linguagem da Bíblia deve ser explicada de acordo com o seu óbvio sentido, a menos que seja empregado um símbolo ou figura”.

Os capítulos 7 e 8 de Daniel claramente empregam símbolos. O capítulo 7 relata os quatro animais como símbolos e o capítulo 8 relata o carneiro e o bode como símbolos, deixando claro o simbolismo, e possibilitando a nós aplicarmos o simbolismo também aos períodos de tempo apresentados nestes dois capítulos, de acordo com o princípio dia-ano. Além do mais, os mesmos capítulos também nos apresentam o significado dos símbolos que eles apresentam, como podemos ler em Daniel 7:17 e Daniel 8:20 e 21.

Esta nossa análise é confirmada pela forma, relatada por Ellen G. White, com a qual Guilherme Miller aprendeu a compreender os símbolos das escrituras:

“Com intenso interesse estudou (Miller) os livros de Daniel e Apocalipse, empregando os mesmos princípios de interpretação que para as demais partes das Escrituras; e descobriu, para sua grande alegria, que os símbolos proféticos podem ser compreendidos. Viu que as profecias já cumpridas tiveram cumprimento literal; que todas a várias figuras, metáforas, parábolas, símiles, etc., ou eram explicadas em seu contexto, ou os termos em que eram expressos se achavam entendidos literalmente.”(Cristo em Seu Santuário, pág. 50)

Os capítulos 11 e 12 de Daniel não empregam símbolos, pelo contrário, indicam diretamente os personagens que cumprirão a profecia. O capítulo 11 classifica os personagens como sendo o Rei do Norte e Rei do Sul, e mais tarde “Homem Vil” (Versão Almeida). Já o capítulo12 de Daniel, não nos dá margem a nenhuma dúvida. Fala de Miguel, que sabemos ser um dos nomes de Jesus, fala diretamente do povo de Deus, ou “sábios”, e fala dos “perversos”. Sabemos que todas estas alusões são literais, ou seja, “sábios” significam pessoas sábias que entenderão a profecia, “perversos” significam pessoas perversas que “procederão perversamente”, e assim por diante.

Confirmamos o nosso pensamento baseados nos escritos da irmã Ellen G. White apresentados acima, pois de acordo com os princípios dados pelo testemunho inspirado para a interpretação das profecias, caso os termos dos capítulos 11 e 12 de Daniel mencionados fossem símbolos, eles teriam necessariamente que ser explicados no trecho bíblico, a exemplo do que ocorre nos capítulos 7 e 8 de Daniel. Uma vez que os termos explicitados na profecia dos capítulos 11 e 12 de Daniel são literais, os períodos, de acordo com os princípios de interpretação profética dados pela irmã Ellen G. White e apresentados acima, também o são.

Tendo como base o acima exposto, o paralalelismo profético-literário do livro de Daniel não pode ser aplicado, não somente aos versos de Daniel 12:5-13, como comenta o artigo, mas ao conteúdo completo dos capítulos 11 e 12 de Daniel, pelo menos da forma como é apresentado no artigo (dias simbólicos versus dias simbólicos).

Nos deixa em dúvida também a afirmação do artigo: “todos esses períodos estão interligados, de alguma forma.”

Esta afirmação por si só não pode justificar a aplicação do mesmo princípio de interpretação de tempo utilizado em Daniel 8 para Daniel 12. É preciso haver base na Bíblia e no testemunho inspirado para justificar tal aplicação.

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